Muita gente se julga tímida e se preocupa com essa condição, porque isso a afasta das rodas sociais e portanto a coloca em dificuldade para fazer negócios, amizades, ter relacionamentos afetivos. Será que alguém pode ser feliz sozinho? Claro que não devemos depender de ninguém para alcançar a felicidade. Se dou um cheque em branco para outra pessoa me fazer feliz, estou colocando minha vida em risco. A primeira busca deve ser estar satisfeito com a própria companhia pra depois viver a felicidade junto dos outros.
Tem pessoas com mais facilidade para interagir; outras mais receosas acabam se fechando em si mesmas e buscam a individualidade. Eu particularmente nunca ouvi um tímido confessar que prefere ser tímido do que comunicativo, aberto. Mas, claro, quem é mais quietinho também usufrui de vantagens. Tem até um livro que fala sobre isso: é o Poder dos Quietos, de Susan Cain. A autora, que se autodenomina tímida, procura valorizar as caraterísticas dos tímidos. Tem uma palestra dela no TED.
O objetivo desse bate papo é discutir sobre como deixar de ser tímido, o que pra muitos é motivo de angústia. Eu parto do princípio de que nós devemos ser felizes com o que nos tornamos a cada dia. Estamos sempre em aprimoramento e devemos estar bem com o que escolhemos ser para que possamos atuar no palco desse mundo com mais leveza e profundidade ao mesmo tempo, podendo impactar positivamente as pessoas.
Pra vencer esse obstáculo, se assim você vê, é preciso se conhecer primeiro. Lá vem a Aurea falando de desenvolvimento pessoal para alcançar a comunicação assertiva. Eu não vejo outra alternativa. Só mesmo fazendo um movimento de introspecção, análise interna, reconhecimento e autovalorização podemos nos comunicar bem. Não adianta buscar a comunicação positiva e produtiva lá fora, em ferramentas externas. O poder está dentro da gente. E esse poder pessoal que nos ajuda a impulsionar uma comunicação adequada está na criatividade, na energia, no discurso positivo, está no poder de administrar conflitos, no uso das virtudes que modelam um comunicador e também na autoestima.
Se você não se enxerga grande, se não reconhece seus valores, se não aceita elogios, se não sente merecedor de todas as conquistas que já alcançou, poderá ter dificuldades de expressar o que sente e pensa para os outros. Só um exemplo: tem gente que diz que não participa ativamente de reuniões no trabalho, porque julga que suas opiniões acerca dos temas expostos não é importante. Será? Isso não seria uma subvalorização da sua experiência? Será que você tem que ser um mestre reconhecidíssimo no mundo inteiro para então contribuir com opiniões, observações e orientações? Calado, sem compartilhar, você pode estar deixando de contribuir com o grupo. E experiência acumulada na gaveta não serve pra nada. Só mesmo experimentando a satisfação de distribuir conhecimento você percebe que o que você sabe pode ajudar outros também. Segurar o que sabemos só pra gente nos torna egoístas e essa energia não é boa pra ninguém.
Toda vez que você se sentir tímido numa reunião, seja de lazer ou de trabalho, pense: posso contribuir com qualquer coisa que eu saiba, porque tenho prazer em ajudar. Seu medo e o desconforto de se expor podem ficar em segundo plano, nesse momento?
É claro que isso é um processo, o importante é começar a se desafiar. Se se mantiver na zona de conforto, fazendo o que sempre fez, vai encontrar sempre os mesmos resultados.
Avante e boa sorte na sua trajetória.