Você já precisou aplicar uma dose maior de diplomacia em alguma situação na vida pessoal ou no trabalho? Quem se expõe em público ou é porta-voz e dá entrevistas para a imprensa já deve ter usado essa habilidade para enfrentar situações constrangedoras e de crise. Mas, por que tanta gente se atrapalha quando o assunto é lidar com o emocional  e agir diplomaticamente?

Neste artigo, eu vou te ajudar a refletir sobre como usar os seus próprios recursos para situações que demandam maior flexibilidade e, para isso, vou abordar 3 aspectos: administração emocional, conteúdo do discurso e consciência sobre a imagem e reputação que estão totalmente interligados e são fundamentais para uma boa exposição.

O ato de suportar uma circunstância desagradável sem reclamar pede o uso da habilidade de perceber o tipo de emoção que aflora num momento delicado para saber lidar e tirar bom proveito da situação. Quando o comunicador não percebe os sentimentos vivenciados, e se deixa envolver por eles, pode disparar conteúdos indesejados ao interlocutor e sofrer as consequências da imagem arranhada depois do ocorrido. Acompanhe o passo a passo relacionado à ADMINISTRAÇÃO EMOCIONAL:

Passo 1: Perceba a chegada da emoção
Sinta isso no seu corpo. Entenda que a dor de cabeça repentina pode ser um sinal de desconforto com a situação-problema. Perceba se o estômago sentiu ou se foi outra parte do corpo. Normalmente, quando alguém recebe a visita de um sentimento de forma repentina, por conta de uma crise, logo coloca a mão no local onde a emoção se instala. O autoconhecimento e a ampla percepção sobre como você funciona vão ajuda-lo a entender que a emoção está lá para, então, decidir o que fazer com ela.

Passo 2: Identifique a emoção
Ao perceber que a emoção chegou, identifique-a e chame-a pelo nome. É raiva, medo ou insegurança? Agora que você já sabe que ela chegou e que nome tem fica muito mais fácil dominá-la. Sim, você vai dominá-la antes que ela domine você. O objetivo é ficar à frente da situação para não ser envolvido com tal sentimento a ponto de se impedir de tomar as atitudes que o momento pede e assumir as rédeas. Neste momento é importante conversar com essa emoção (isso é Programação Neurolinguística) para separar você dela, porque essa emoção não é você, ela só faz parte de você naquele momento. Ao dialogar mentalmente com a emoção, gentilmente você pede que ela diminua sua atuação para que você possa agir como deve sem a influência demasiada desse sentimento.

Passo 3: Decida o que fazer ou falar para conduzir o momento
Percebe que está no comando agora? Já que a emoção foi identificada e colocada no seu devido lugar, agora é hora de agir sem estar contaminado pela emoção. Você pode escolher as palavras, as atitudes mais adequadas e conduzir o momento usando a inteligência emocional para tirar proveito da situação e manter a imagem positiva diante dos interlocutores. Normalmente, quem age de forma colérica, sem disposição para negociar, ganha o rótulo de intransigente e dificulta os relacionamentos.

Agora que você já sabe o que fazer com a administração emocional e pode dirigir suas ações, organize o discurso que vai usar no momento da crise. Para isso, leve em consideração alguns cuidados:

– Não manifeste o preconceito. Reavaliar crenças que talvez nem façam sentido é a melhor maneira de renovar padrões para evitar os rótulos. A demonstração de preconceito fere o outro e demonstra o caráter do comunicador,

– Evite fazer comparações. Mesmo que a intenção seja positiva, comparar alguém com outra pessoa sempre deprecia e afeta a autoestima de quem recebe a crítica. Aponte os aspectos positivos e depois apresente os pontos que podem melhorar. Evite usar as palavras erro, defeito ou problema. Não dá pra motivar alguém colocando a pessoa pra baixo, né?

– Use a Comunicação Não Violenta, substituindo a acusação pelo sentimento que você teve em determinada situação,

–  Use o discurso positivo. A escolha das palavras é fundamental para promover bons momentos. Palavrões não são bem-vindos,

– Evite agir na defensiva: exponha os seus argumentos, sem investir tempo se justificando.

Com o discurso afiado na ponta da língua, é hora de recolher os resultados desse esforço que abrangeu a administração emocional e o conteúdo. A consequência natural desse comportamento é a criação e/ou manutenção da imagem social.

Mas, não se trata somente de ter a preocupação da boa imagem como se a única coisa que estivesse em jogo fosse a reputação. O que realmente importa é a oportunidade de transformar-se numa pessoa melhor, já que o treino das habilidades vai promover isso. Afinal, você quer ter razão ou ser feliz?

Vantagens de quem age com diplomacia

Ao agir com diplomacia, quem mais ganha é quem exercita as habilidades necessárias para oferecer resultados positivos em determinada relação. Isso inclui:

– A prática de virtudes, especialmente a empatia. Ao perceber as necessidades do outro fica mais fácil atuar, não só pensando em si,
– O bom senso de perceber em que momento ceder para beneficiar o outro,
– O entendimento sobre como defender seu ponto de vista sem ofender o interlocutor,
– A construção de argumentos sólidos e consistentes, e não só opiniões, para convencer o outro,
– A manutenção da boa imagem que abre portas em todos os ambientes,
– A promoção de um convívio sadio entre pessoas e grupos sociais.