João está errado. Eu é que estou certa. É dura essa conclusão, não é mesmo? Quando eu penso dessa maneira, coloco uma barreira na minha relação com o outro, porque não me permito ouvir o que ele pensa, aprender com o que ele acredita e me mantenho no alto do pedestal, que até parece ser mais elevado do que o de qualquer pessoa. Distância, rejeição e falta de flexibilidade é o que eu manifesto com um comportamento desses.

Quando eu penso que o outro está equivocado, eu decido que ele está errado em relação à minha postura, à minha forma de pensar. É uma conclusão taxativa. Pior que isso é dizer ao outro: você está equivocado! Imagine como se sente uma pessoa ouvindo isso. Puxa, é a forma que ele tem de pensar. Por que ele estaria errado? O pensamento dele não é igual ao meu? Mas quem falou que todos iriam pensar como eu? Seria até muito chato se isso acontecesse.

Agora se eu penso: ‘ele tem uma percepção diferente da minha’, eu estou agindo como um comunicador gentil e entendo a opinião contrária da outra pessoa, o que mostra uma posição mais flexível, ou seja, eu reconheço que o outro pensa de outro jeito, porque percebe a situação de outra maneira. E nossa postura está sempre ligada a realidade que temos, à bagagem e às crenças que carregamos, por isso as opiniões são diferentes. Na medida em que eu me permito ouvir o que o outro pensa, estou ampliando a minha percepção. O antagonista, por mais incrível que pareça, sempre nos favorece, porque nos faz pensar fora da caixa, com uma outra visão. E isso não quer dizer que eu tenho, necessariamente que mudar a minha opinião, apenas seria interessante que eu ouvisse o que o outro tem a dizer. Tem gente que avisa no Facebook que vai eliminar usuários que não pensam como ele. Não é fácil ter um milhão de amigos como canta Roberto Carlos. Para conviver bem, é preciso respeitar o outro; ouvir o outro – sem necessariamente acatar a opinião dele – apenas considerar o que ele pensa. Isso pode me ajudar, inclusive a aprender mais. Pode ser que eu nunca pense como ele, mas posso pelo menos escutá-lo?

É importante destacar que a prática das virtudes modela um comunicador.

Com a paciência você pode suportar as opiniões contrárias, sem reclamar; sendo tolerante, você aprende a ter disposição para ouvir com paciência as opiniões contrárias.

Se o foco estiver em você, o ganho maior será seu: sem irritação, a sua saúde agradecerá pelo novo comportamento. Se você enxergar o outro e praticar a empatia, o benefício será dos dois. Com aceitação, é possível desenvolver boas relações, tirar bom proveito de situações que a princípio seriam conflituosas.

Seu maior sonho seria que o mundo vivesse a paz? Comece promovendo a paz nos seus relacionamentos, simplesmente ouvindo e respeitando o outro. É bastante possível plantar isso no nosso dia a dia. Fica aí o convite; experimente.

PARA COLOCAR EM PRÁTICA:

  • Saia do controle para assumir a possibilidade de que o outro tem uma opinião diferente da sua
  • Pratique virtudes como paciência e generosidade para facilitar a interação
  • Pense na chance de aprender mais, se estiver aberto a opiniões divergentes