Num encontro de profissionais de Recursos Humanos eu ouvi uma frase que eu nunca esqueci: normalmente contratamos pessoas pelos pontos positivos relacionados às competências técnicas e as dispensamos pela falta de desenvolvimento das competências comportamentais. Ou seja, a pessoa se prepara profissionalmente e se esquece de se aprimorar pessoalmente. E como nós somos um só, as coisas se misturam, a balança fica desregulada, pende pra um lado só….falta harmonia.
Até ‘cair a ficha’ de que esse desenvolvimento passa pelo autoconhecimento, muita gente se desgasta. E o desgaste nas relações é reflexo de uma corrosão interna que, muitas vezes, o indivíduo não sabe como resolver, fica perdido mesmo. A primeira manifestação desse deslocamento, dessa confusão, é percebida por meio da comunicação, da forma como a pessoa se expressa. Daí vêm os problemas de relacionamento, do líder mal posicionado e das crises de comunicação dentro da corporação. É uma bola de neve que promove uma deterioração no pessoal para impactar no profissional. A imagem começa a ficar arranhada e, o pior: muitas vezes a pessoa nem percebe o que está fazendo. O olhar interno que não observa os movimentos sabotadores precisa muito do feedback externo, da ajuda do profissional de RH.
Num balanço rápido e com a habilidade de quem gere pessoas, é possível identificar o integrante do time que dá sinais de que está em perigo. Pode ser pela rispidez no trato com subalternos; pela demonstração de arrogância – que é nada mais do que tentativa de se defender; pela falta de habilidades em apresentações em público ou reuniões ou pelo receio da exposição e da visibilidade.
Comunicação adequada é um casamento entre habilidades técnicas e comportamentais. Por isso que, para nos comunicar bem, temos que nos conhecer primeiro. O aumento da autopercepção nos ajuda a compreender determinadas atitudes e nos permite ajustar o rumo para evitar embates. A não percepção promove ações repetitivas, com resultados já previsíveis e sem produtividade.