Não dá pra negar: o silêncio é fundamental para escutar melhor e praticar a boa comunicação nas relações.
E isso não tem nada a ver com ser submissa ou não saber se posicionar. Tem a ver com estratégia. Tem mesmo que falar toda hora?
Tem gente que diz: “eu não fico quieta, não deixo nunca de dar minha opinião”. Mas será que é sempre necessário abrir a boca pra qualquer coisa?
Antes de tudo é importante entender por que motivo eu quero falar. É pra marcar presença, pra convencer o outro ou apenas pra interagir e compartilhar?
Tem hora pra tudo, mas às vezes a ansiedade não deixa a razão assumir o comportamento e aí vem aquela vontade incontrolável de falar, dar palpites e perguntar sem medida.
O silêncio pode ser bom, se também for praticado na medida. Se você entrar muda numa reunião e sair calada, vai dar o que falar. Se falar sem parar, vai dar o que falar. O equilíbrio deve ser sempre nosso objetivo maior, mas pra isso o primeiro passo é estar acordada, perceptiva, consciente sobre o que diz, como fala o que pensa e o que se passa dentro de você, suas sensações.
O aprendizado vem do autoconhecimento.
As reflexões sobre comunicação são importantes também:
- “Você tem uma boca e dois ouvidos. Use-os nessa proporção” (provérbio chinês)
- Tem outra bem popular: ‘em boca fechada não entra mosquito’
- E tem uma clássica do educador Rubem Alves que é: “Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir”.
Pra ouvir, a gente precisa silenciar. E tem quem confunda silêncio com falta do que dizer. Não é bem assim. Às vezes é aí que mora a sabedoria. Relevar, deixar passar podem ser também estratégias de comunicação. Isso não é engolir sapo, muito menos levar desaforo pra casa. É saber a hora certa de falar e calar.
Como é que faz isso? Ligue o botão da autopercepção, pra ver você se comunicando de fora. Como se você fosse outra pessoa, como se estivesse fora do seu corpo. Assim vai se comunicar de forma consciente e vai poder decidir em que momento falar e em que momento apenas escutar.
Tem uma outra coisa importante: quando falamos, por mais que o objetivo seja ajudar o outro com o conteúdo que a gente oferece, tem muito do nosso ego marcando presença. Quando a gente escuta, tem muito mais doação, disponibilidade para o outro. E a comunicação de verdade é conexão.
Portanto, o silêncio também faz parte desse pacote de aprendizado.
Nas próximas interações, preste atenção se é realmente necessário falar ou se é estratégico escutar.